Quem vê o que quer, come o que não quer!

Sempre entrei em frias por causa da minha gulodice, do meu olho grande!
A mãe de um colega certa vez perguntou se eu gostava de curau (curau é feito de milho) e eu, esgabilada como sempre, respondi: 
A-DO-RO curau!
Então ela pôs uma porção generosa pra mim, afinal eu A-DO-RA-VA curau.
Oba! Gosto é de muito!
Na primeira colherada, percebi que não gostava tanto assim de curau.
Curau não era de sal? Ah, de sal é caldo, né?
Tive de comer tudinho e ela ainda pôs mais um tantão! Ui, foi punk!
Ela gostava imensamente de mim e fez curau pra me agradar durante QUATRO anos. QUATRO!
Mas não aprendi a lição.
Outra vez meu sogro, que é nordestino, me contou que sabia fazer um delicioso sarapatel.
_Você gosta de sarapatel? ele me sondando.
_A-DO-RO sarapatel! lá vou eu de novo...
_Então venham almoçar amanhã que vou fazer pra você! ele, super feliz!
Vocês conhecem sarapatel? Já comeram? Não? É um prato nordestino, delícia! 
Ui, tô até salivando!
Fui cheia de fome: é hoje que vou me acabar nesse sarapatel.
Ele pôs um big prato pra mim e na primeira garfada, meu estômago travou geral!
_Uai, isso aqui é o quê? Hã? Miúdos de porco? de bode também? tripa dos bichim com sangue? Gente, sarapatel não era amarelo? Ah, amarelo é vatapá? Hum, sei...
O meu sogro ficou me olhando comer o prato inteirinho, esperando com os olhinhos brilhando pelo meu elogio, que saiu baixinho, pois eu tava até fraca.
_Já que tá uma delícia vou por mais um pouquinho! Ele, doido pra me agradar.
_PELOAMORDEDEUS, não se atreva, quero dizer, não põe não sogrão, tô satisfeita...
Ai ai, quando vou aprender a parar de gulodices?